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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Porque eu pulo a roleta?

Por que eu pulo a roleta,
capixaba cidadão?
Eu pulo a danada porque ela
Só me diz NÃO,
Só me diz NÃO!!!

Porque eu pulo a roleta,
capixaba companheiro?
Eu pulo porque ela separa
O mundo inteiro
O mundo inteiro,
Eu pulo porque ela para
Quem não tem dinheiro
Quem não tem dinheiro…


Eu pulo a roleta porque quero paz, felicidade e prazer, com dignidade, para a vida de todo ser humano. Eu pulo a roleta porque preciso lutar contra um sistema que impede que tenhamos qualquer condição digna de paz, felicidade e prazer.
A roleta não nasceu grudada ali onde ela esta, quando Deus criou o mundo. Alguém a colocou ali, e quando colocou, queria dizer algo com isso.
A roleta FALA! A roleta SEMPRE TEM ALGO A DIZER.
A roleta diz “NÃO! Você NÃO tem direito de ir e vir! Você tem que ter dinheiro, para ter direito de comprar o direito de ir e vir!” A roleta diz “O solo deste estado já tá todo mapeado e dominado, e se você quiser andar no chão DO MEU DONO, terá que pagar tributo a ele, terá que pagar tributo AO MEU DONO!”.

Quem é o dono da roleta?
QUEM É O DONO DA ROLETA?

O dono da roleta é o empresário que lucra, é o empresário que explora o trabalhador (fiscal, motorista, cobrador), é o empresário que tem carro do ano e não anda de ônibus, é o empresário que faz campanha com adesivos nos ônibus culpando quem pula a roleta, é o empresário que coloca jagunço dentro dos ônibus para atirar na bunda do cidadão que pula roleta, é o empresário que financia a campanha eleitoral do governador do estado, é o empresário que tem nas mãos o governador do estado, e toda a política do estado. O dono da roleta é dono da justiça Capixaba, é dono da Assembléia Legislativa capixaba, é dono da mídia capixaba, é dono das rodovias capixabas (e de seus pedágios).
O dono da roleta é dono do nosso direito de ir e vir.
E a roleta nos diz que isso tudo é normal, e que temos que obedecer.
E é por isso que eu pulo a roleta. Porque eu sei que não é normal, que o mundo não nasceu assim, e que assim NÃO tem que ficar. A cantora Nara Leão disse certa vez que queria cantar músicas que ajudassem a gente a ser mais brasileiro, que fizessem todo mundo querer ser mais livre, que ensinassem “a aceitar tudo, MENOS O QUE PODE SER MUDADO”.

Eu pulo a roleta porque sei que isso pode ser mudado, que podemos mudar nossa condição, sei que reuniões de reveillon para aumentar a passagem do Transcol são uma forma de pegar o povo de surpresa, porque quando o povo tá acordado, quando o povo tá unido, quando o povo vai pras ruas, quando o povo enfrenta o empresário, o povo MUDA A SUA CONDIÇÃO. Nós podemos mudar, podemos não ficar calados. Quando a roleta nos diz “Nem todos podem passar”, nós não temos a obrigação de concordar. Eu discordo, e é por isso que eu pulo a roleta.

Eu pulo a roleta por todos os que já morreram lutando contra a opressão dos poderosos, que sempre mandaram matar, e que hoje estão colocando seus jagunços dentro dos ônibus, para atirar. E não é só porque quando nós pulamos a roleta, dói no bolso do empresário. Não, é mais do que isso! É também porque quando pulamos a roleta, outra voz se faz ouvir: A voz do povo que diz “Eu não me rendo!”, do povo que diz “Eu não aceito o que pode ser mudado!”, do povo que diz “Cansei de ser feito de idiota!”, do povo que diz “CHEGA, vamos tomar as rédeas de nossas vidas”.

A roleta está para o cidadão como a rédea para o cavalo, e com a roleta o empresário doma o passageiro, doma o motorista, doma o cobrador.

E se os trabalhadores do transporte público capixaba querem aumento salarial digno, devem ir pra luta, devem fazer greve, devem circular sem cobrar passagem, carregar a população de graça, porque quem tem memória lembra que só com essas lutas, os trabalhadores do transporte público vencem a ganância do empresário explorador.

E se os cidadãos capixabas querem barrar os aumentos de tarifa, devem fazer como fizeram em 2005, quando fecharam as ruas, quando gritaram que não aceitavam, quando ocuparam o pedágio da terceira ponte e abriram as cancelas (irmãs das roletas), deixando os carros passarem de graça, fazendo os empresários e seu cãozinho poodle Governador ficarem de cabelo em pé.

Trabalhadores, cidadãos, estudantes, desempregados, nós somos o melhor exemplo de que quando nós lutamos, nós vencemos. Lutar contra uma sociedade que nos priva do direito de sermos humanos. Lutar por dignidade. Lutar contra os donos das roletas.

Vamos pular todas as roletas, abrir todas as cancelas dos pedágios, deixar os passageiros entrarem pelas portas de trás, vamos parar os ônibus, as ruas, a cidade. Vamos dar mais um exemplo de que quando o povo não se cala, de que quando o povo luta, os donos das roletas tremem de medo de nós!

Eu pulo a roleta porque eu amo minha terra, e porque a roleta calcula o lucro de quem não a ama. Eu pulo a roleta porque não somos livres, mas queremos ser. Eu pulo a roleta pelo meu povo, e quando eu pulo a roleta, não é o meu povo que paga por isso.

Meu povo só paga quando a roleta gira, e só poderemos dizer que temos liberdade e dignidade quando no mundo nenhuma roleta mais girar!

PASSE LIVRE JÁ!!! POR UM MUNDO SEM ROLETAS!!!!!!!


Um comentário:

José Anezio Fernandes disse...

Que lindo! Eu lembro desse texto! Fui eu quem o escreveu!

Lá em 2010